Únicos e desiguais
Há alguns dias li a seguinte frase na internet “não existe presente sem um passado”, e quando penso e reflito sobre a sociedade como a entendemos hoje, é possível, com um pouco de acesso crítico a história da humanidade, compreender todo o modus operandi de tudo que vivenciamos no hoje.
Já é algo sabido, nos dias atuais, que o descobrimento das américas não passou apenas de mais um massacre genocída promovido pelo homem branco europeu. Que a diáspora africana foi um roubo e que se fosse hoje teria a alcunha de tráfico humano. Mas, aqueles negros e negras, índios e índias, para os seus traficantes e dominadores, não passavam de seres desprovidos de humanidade e racionalidade. Como coisas, foram vendidos e literalmente objetificados. Esse passado, que não me extenderei mais por aqui, é refletido no modo como nós, pessoas negras, vêem-se e são vistas na sociedade de uma forma macro e micro.
Antes de entrar nesse tópico é necessário refletir que: o processo colonizatório seguia o ideal de dominação cultural, e quando se pensa em Cultura é impossível não relacionar ao modo de pensamento e modo de vida de um grupo social. Pois bem, esse processo(colonização) se propunha a exaltar e difundir o ideal de vida e pensamento branco europeu. O que engloba todas as áreas onde for possível incutir ideias através da dominação física e psíquica.
Após séculos de uma suposta liberdade ainda se é possivel perceber que apesar das tecnologias e toda uma militância humanitária e antirracista, a população negra ainda é estigmatizada de diversas formas. Não falo aqui da estigmatização latente, daquela que é vista e merece luto e luta. Mas entro no ‘micro’, no que é pouco falado embora também seja sentido, e doído.
Falo aqui sobre como pessoas negras são excluídas — não me refiro às formas violentas de exclusão, mas aquela exclusão que ninguém admite que faz, mas quem a sofre, sabe — mesmo entre outras pessoas negras, seja por características físicas negroides fortes, seja pelo modo periférico latente. Isso porque aprendemos a nos odiar. Odiar a nossa cor, principalmente se for forte; odiar o nosso cabelo, principalmente se for muito crespo; odiar a nós mesmos e o outro, principalmente senão nos encaixarmos em um ideal de beleza e estética padrão magro midiático dominado pelo pensamento branco.
Aprendemos a nos esconder e ter dúvidas de nosso raciocínio e intelecto por nossos detalhes. Logo eles que nos tornam únicos e lindamente desiguais.
Comentários
Postar um comentário