IML
há dias em que
se o corpo não
latejar
dá até pra jurar
que não há vida
na carcaça
a grávida
os corpos no frigorífico
o sorriso cínico
da mulher do IML
ante ao choro
e soluços
dos parentes
me saculejo
tento sentir
minhas pernas
meus braços
me parecia
que os haviam
arrancado de mim
mas estavam lá
grudados
intactos
duas crianças brincam
pelos corredores
as observo
buscando distração
"sinto muito pela sua dor"
algo sussurra
lá de dentro
atravessando os corredores
vindo feito vento
gelado e enebriante
cadavérico
"só os vivos sentem dores"
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